27 de fev. de 2014

Poema de amor.

Para conhecer a Lúcia, leia os textos LúciaLúcia (parte 2) e Doença.


Caro amigo...



O dia foi turbulento.
O Charles, o namorado de Beatriz, o cara com os músculos maiores que o cérebro, almoçou aqui em casa. O que não importa muito, mas foi engraçado. Ele gaguejou várias vezes enquanto conversava com o papai, que se fingia de poderoso chefão na ponta da mesa.
Na verdade, o grande fato do dia foi: Lúcia.
Eu sei que você já deve estar cheio de receber cartas sobre ela, mas a cada dia que passa, esta menina impregna mais e mais na minha cabeça. 
Toda vez que eu ouço a sua voz doce e delicada, mais apaixonante ela se torna.
Toda vez que eu a vejo caminhando em minha direção, mais apaixonante ela se torna.
Toda vez que trocamos olhares por alguns minutos, mais apaixonante ela se torna.
Na verdade, acho que o fato dela existir é o suficiente para torná-la apaixonante.
- Você é muito novo para se apaixonar, Eduardo - minha irmã disse.
E eu sei que sou. Mas diga isto para o meu coração!
Ontem à noite decidi que ia escrever um poema para Lúcia.
Nós não conversamos muito na escola porque ela sempre está cercada de meninos. Eu costumo chamá-los de urubus esfomeados. 
Geralmente são caras mais atraentes e mais legais que eu, e isto acaba intimidando-me um pouco.
E bem, foi por isso que eu escrevi este poema, em um papel de caderno, dobrado duas vezes:



"Rosas são vermelhasE minhas bochechas também sãoVioletas são azuisO que não importa muito não


Te escrevo esta cartaNão apenas por estar entediadoEscrevo na verdadePara que eu seja por você amado"


Eu o entreguei para a Marília, sua melhor amiga.
Não tenho certeza se ele será entregue, mas espero que sim.
Será uma forma de demonstrar o que eu sinto de uma forma diferente e sem precisar estabelecer um contato.
O que mais passa pela minha cabeça nos últimos dias é: onde está a minha percepção de vida? Há alguns dias eu não me apaixonaria por ninguém, e hoje cá estou eu, escrevendo uma carta chata falando sobre amor.
Mas não me culpe!
Porque afinal, a paixão é uma doença. Às vezes incurável.
Eu poderia pensar em uma forma interessante de terminar esta carta, mas prefiro simplesmente terminar. 

Abraços do Eduardo. 

Um comentário:

  1. Oi Cristian, digo Eduardo, digo Dudu

    lendo tua carte lembrei deste pensamento (espero de goste)

    Soneto do amor total
    Rio de Janeiro , 1951

    Amo-te tanto, meu amor... não cante
    O humano coração com mais verdade...
    Amo-te como amigo e como amante
    Numa sempre diversa realidade

    Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
    E te amo além, presente na saudade.
    Amo-te, enfim, com grande liberdade
    Dentro da eternidade e a cada instante.

    Amo-te como um bicho, simplesmente,
    De um amor sem mistério e sem virtude
    Com um desejo maciço e permanente.

    E de te amar assim muito e amiúde,
    É que um dia em teu corpo de repente
    Hei de morrer de amar mais do que pude.
    Vinícius de Moraes

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