8 de fev. de 2014

Felipe.

Caro amigo...


Talvez eu nunca tenha escrito sobre o Felipe, mas ele é meu melhor amigo.

Ele está sempre comigo, e se não escrevo sobre ele é porque ele está, geralmente, quieto, no seu mundo particular. Eu sou um dos poucos que consegue entendê-lo e viajar pra lá com ele, e isto é um dos grandes motivos de sermos melhores amigos.
Eu costumo usar o mundo paralelo do Felipe para me manter longe das coisas chatas do mundo real. E sempre funciona! Gosto de acompanhá-lo nas coisas que ele gosta de fazer, e também nas que ele não gosta mas precisa. Felipe é parte de mim e eu sou parte dele. Guardo a nossa amizade como um verdadeiro tesouro, com o espírito mais pirata que eu tenho.
Ah, ele não diz, mas tem ciúmes de você! Ele não gosta que eu escreva coisas para alguém que não seja ele. E como eu sei? Ele costuma ficar emburrado e viajar pro planeta dele toda vez que eu decido escrever. 
- O que você está escrevendo aí que não pode ser dito a mim? - ele pergunta.
Mas não fique chateado, isto não é pário para a nossa amizade.
O grande problema é que brigamos, na última sexta. E é por isso que estou enviando esta carta extra no meio do final de semana. Nem sei se você vai verificar sua caixa de correio, mas precisava mesmo escrever.
Os motivos do porquê brigamos é desimportante para você. O grande problema é que sou orgulhoso demais para pedir desculpas. Não, eu não tive culpa por brigarmos, não me culpe. Também não estou dizendo que ele teve culpa, só estou dizendo que alguém precisa pedir desculpas, e este alguém não sou eu. Porque, como eu dizia, sou orgulhoso demais. E o Felipe não se importa tanto quando estamos brigados. Ele simplesmente viaja para o mundo dele e fica lá.
Mas eu me importo. 
Ainda que eu seja orgulhoso demais para pedir desculpas.
Sabe, você é meu amigo. Eu gosto de escrever para você. Mas o Felipe é diferente. O Felipe é como um irmão de coração, um anjinho da guarda, um guri que eu sempre posso contar. No início da carta eu disse que o Felipe é parte de mim e eu sou parte dele. E como funciona quando duas partes de alguma coisa se distanciam? Elas ficam capengas. Pelo menos a minha parte fica capenga.
- Você devia pedir desculpas - minha irmã sugeriu. Ela é experiente em brigar com amigos.
- Nem a pau, Juvenal! - eu respondi.
Não sei como esta história vai terminar, mas sei que estou muito triste e não consigo olhar televisão, contar piadas ou ler coisas legais na internet com ninguém, senão o Felipe. E eu também não tenho ninguém para viajar comigo para um mundo paralelo, senão o Felipe. 
Me despeço neste momento como uma parte capenga de alguma coisa repartida.


Abraços do Eduardo.

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